quinta-feira, 7 de junho de 2012

1° professor da E.M Gonçalves Dias

 Prof. José Gonçalves Paim

O professor José Gonçalves Paim, nasceu em 1843 no Rio de Janeiro, capital da Corte, filho dos portugueses Manoel Gonçalves Paim e de Dona Maria Gonçalves Paim. Foi casado com Dona Henriqueta Adelaide de Souza Paim, deixando desse consórcio os seguintes filhos: Julieta Paim Pereira (Santinha) faleceu a 25/10/1936, casada com Júlio Augusto Pereira; Honorina Paim de Oliveira Graça (Duduza) faleceu a 27/07/1958, casada com Francisco Graça; e João Rui Paim.

Morador de São Christóvão à rua São Januário, funda a 1ª escola de meninas de São Christóvão.

Em 1872 a sua escola, junto com a 1ª escola de meninas de São Christóvão, são transferidas por ordem do Ministro dos Negócios do Império - João Alfredo Correa de Oliveira - para o novo prédio da praça Pedro I, atual Escola Municipal Gonçalves Dias.

O professor Paim, então com 29 anos, passa a lecionar e dirigir a instituição, sendo responsável pela escola de meninos e pela escola noturna para adultos, recebendo para isso uma subvenção do governo. Paim convive com a colega de instrução Anna Alexandrina de Vasconcellos Medina, primeira professora da escola de meninas do novo prédio.

José Gonçalves Paim atua na Gonçalves Dias de 1872 a 1889, quando lhe é concedida a jubilação pelo governo da Corte.

Existem alguns registros isolados que o indicam também como professor adjunto do Colégio Pedro II até 1889. Essa informação ainda está para ser mais bem pesquisada.

Em 1889, pouco antes da proclamação da República, Paim desliga-se da instrução primária da Corte, sendo concedida a pedido a sua jubilação da 1ª escola da "Freguezia de São Christóvam" , conforme noticiado no Diário do Commércio de 23/10/1889.

Em 1895, muda-se com a família de São Cristóvão para a cidade de São Vicente no Estado de São Paulo, onde começa a lecionar.

Estabelecido nesta cidade, Paim foi professor e diretor da Escola do Povo, difundindo instrução a três gerações, sendo considerado um padrão de dignidade.

Em 1896, o prof. Paim mudava-se com a "escola do Povo", do Largo Batista Pereira (hoje praça João Pessoa, em São Vicente) para a rua 15 de novembro, em casa adaptada para a residência do mestre e sua família. A escola manteve-se na rua 15 de novembro até 1898, abrigando cerca de 80 alunos, em amplo salão de aulas. Já em prédio próprio, a "Escola do Povo", à praça Cel. Lopes, o prof. Paim fi orientador e difundiu a instrução de três gerações com elevada capacidade de trabalho.

Segundo o historiador Edison Telles de Azevedo, em seu livro "Vultos Vicentinos", Paim:



"era austero, entrando em aula com sua sobrecasaca rigorosamente abotoada, botinas de polimento e gravata preta esmeramente colocada, e sua personalidade impressionava e impunha respeito, cativando simpatia. Sempre se manifestou contrário à punição corporal dos alunos. Era apolítico, católico moderado, abstêmio e não fumava."                                               

Mais tarde, fundou e dirigiu em Santos, um acreditado estabelecimento de ensino, o Externato Paim, num sobrado, à rua General Câmara, lado ímpar, nas proximidades do largo Tereza Cristina, onde mais tarde esteve a Capitania dos Portos. A fim de estimular os alunos, aplicava o sistema de pontos, que correspondia a um vintém (20 réis) cada ponto. Eram anotados em cadernetas e o prêmio distribuído mensamente.

Ainda segundo Azevedo, já professor aposentado, exerceu o cargo de Chefe da Caixa de Aposentadoria da Estrada de Ferro Sorocabana, onde prestou assinalados serviços.

Faleceu em São Paulo, com 87 anos, a 2 de junho de 1930, à rua Anastácio n° 4, vítima de "debilidade", consoante atestou o médico Dr. C.Miranda, sendo sepultado no jazido da família no Cemiterio do Araça (Campa Perpétua - Quadra 63, Terreno 323). O atestado de óbito foi lavrado no Cartório Civil da lapa, sendo declarante o seu flho João Rui Paim. No dia 10 de junho de 1930, o "Diário Popular" publicou missa de 7° dia, cujo ato religioso foi celebrado em Igreja da Capital.

Rua Prof. José Gonçalves Paim - São Vicente/São Paulo

O nome do Prof. Paim já estava esquecido, há 60 anos, quando o vereador Carlos de Menezes Tavares apresentou, no Legislativo vicentino, o Projeto de Lei n°29, no dia 07/05/1957, dando auma das ruas da cidade o respeitável nome do professor José Gonçalves Paim, justificando essa apresentação com o apelo que lhe fizeram diversos alunos, remanescentes daquele tempo. A citada via pública (antiga rua 4) está situada no Parque Bitaru, na cidade de São Vicente, tendo sido a Lei 465 sanionada em 12/06/1957, pelo então prefeito Luiz Beneditino Ferreira.

Texto: Prof. Márcio Brigeiro

Adaptação para o blog: Prof. Bruno Guimarães Carvalho

Bibliografia

Azevedo, Edison Telles. Vultos Vicentinos. Subsídios para a história de São Vicente. São Vicente: EGRT, 1972.